O estudo teve como objectivo estimar a prevalência de jovens envolvidos em violência (participando em lutas e sendo vítimas de violência física, psicológica ou sexual). Para isso, foram inquiridos alunos de 16 escolas públicas das capitais de distrito portuguesas, através de um questionário anónimo.
Os resultados permitiram concluir que os abusos emocionais são o tipo de violência mais referido entre os adolescentes dos 15 aos 19 anos, tendendo a aumentar com a idade. Da amostra, 13 por cento declararam ser vítimas de abuso físico, sendo que o envolvimento em lutas foi mais comuns nos rapazes, especialmente entre os mais novos. Os abusos sexuais atingem de forma similar rapazes e raparigas, com uma prevalência de 1,9 por cento. Não foram encontradas diferenças entre as regiões nas prevalências dos vários tipos avaliados.
Quanto às características socioeconómicas, o estudo demonstrou que os adolescentes provenientes das famílias mais pobres reportam mais violência física. Por seu lado, os filhos de pais mais escolarizados relatam com mais frequência abusos emocionais. Segundo os investigadores, “estes resultados podem estar relacionados com a forma como os jovens, dependendo do ambiente no qual estão integrados, percepcionam a violência”. É possível que os adolescentes de classes mais altas identifiquem como abuso emocional situações que os jovens de classes mais baixas desvalorizam.
Abusos podem comprometer a auto-estima |
Consumo de substâncias e violência
O consumo de tabaco e cannabis também foi avaliado. Como esperado, uma vez que se conhece a relação entre os diferentes comportamentos de risco, o consumo destas substâncias associou-se a todos os tipos de violência, tanto nos rapazes como nas raparigas.
Os dados deste estudo, referentes a 2000, revestem-se de especial importância numa altura em que o bullying está no centro das atenções por causa de casos extremos que vieram a público. No entanto, de acordo com os autores, importa conhecer o fenómeno de violência nos adolescentes como um todo, uma vez que os casos de maior gravidade são apenas “a ponta do icebergue”.
Os investigadores da FMUP lembram que os abusos podem comprometer a auto-estima, a criação de relações interpessoais saudáveis e o desenvolvimento de sentimentos de confiança em si próprio e nos outros.
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